Mães solo possuem renda anual 32% menor em comparação a outras mulheres

Levantamento ainda destaca que mulheres gastam 186 horas anuais a mais do que os homens com tarefas domésticas

Mar 11, 2025 - 10:26
Mães solo possuem renda anual 32% menor em comparação a outras mulheres
Além da desigualdade salarial, a sobrecarga de trabalho doméstico é outro fator que impacta a vida das mulheres

Uma nova pesquisa da Diversitera, realizada por meio da plataforma Diversitrack, revela a dura realidade das mães solo no mercado de trabalho.

Segundo o levantamento feito entre junho de 2022 e fevereiro de 2025, abrangendo mais de 70 organizações em 17 segmentos diferentes, essas mulheres possuem uma renda anual 32% menor em comparação a outras mulheres, refletindo o impacto profissional da criação dos filhos sem a presença de parceiros.

Além da desigualdade salarial, a sobrecarga de trabalho doméstico é outro fator que impacta a vida das mulheres.

De acordo com a pesquisa, as mulheres que integram o mercado formal brasileiro gastam anualmente 186 horas a mais do que os homens com tarefas domésticas e cuidado da família, o que limita suas oportunidades de ascensão profissional.

"Há uma distribuição desigual das tarefas domésticas e de cuidado entre homens e mulheres que as sobrecarrega e impacta diretamente em seu desenvolvimento profissional e encarreiramento. Isso que se convencionou chamar de ‘jornada de trabalho tripla’ - que envolve o trabalho remunerado, o trabalho doméstico e o cuidado com a família - faz com que elas tenham menos tempo disponível para networking, capacitação e participação em projetos estratégicos em relação aos homens. Ainda, muitas mulheres precisam lidar com a exaustão causada pelo acúmulo de tarefas, e pode acontecer de abrirem mão de promoções ou desafios que exigem maior dedicação por não conseguirem assumir todas essas responsabilidades", avalia Ana Paula Hining, especialista de gênero e diversidade na Diversitera.

Mulheres no mercado corporativo
Outro dado alarmante do levantamento é a baixa representatividade feminina nos cargos de liderança.

 Apenas 35% das posições de alta gestão (como diretoria, gerência executiva e C-level) são ocupadas por mulheres. No entanto, a presença feminina é majoritária em funções operacionais, como recepção e limpeza, onde representam 70% da força de trabalho.

Mesmo com maior nível de escolaridade - 21,3% das mulheres têm ensino superior completo contra 16,8% dos homens, segundo o IBGE de 2022 -, elas ainda encontram barreiras significativas para alcançar cargos mais altos e obter remunerações mais justas.

De acordo com o levantamento, as mulheres recebem 20% menos promoções em comparação aos homens, reforçando a dificuldade de crescimento dentro das empresas.

Para Ana, a desigualdade de gênero na distribuição de cargos, mais do que uma questão organizacional, reflete um problema social mais amplo. 

“A divisão de trabalho ainda é permeada por vieses sexistas que reforçam estereótipos que associam mulheres a funções de suporte em vez de papéis estratégicos. E os dados mostram que o problema não é a qualificação, mas sim a falta de reconhecimento profissional e oportunidades. Existem barreiras invisíveis que fazem com que mulheres tenham suas competências subestimadas no ambiente corporativo", aponta.

A pesquisa reforça a necessidade de políticas corporativas mais eficazes para garantir equidade de gênero e melhores condições para mães solo no mercado de trabalho. 

“Sem mudanças estruturais, esses profissionais continuarão enfrentando desafios desproporcionais, que comprometem sua estabilidade financeira e crescimento profissional”, completa a executiva.

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