O impacto do governo Trump no varejo americano
Incertezas mudaram hábitos e afetaram o comportamento do consumidor

O próximo dia 10 marcará os primeiros 100 dias do novo governo Trump e o varejo americano apresenta sinais de crescimento moderado e mudanças significativas nos hábitos de consumo.
Segundo levantamento exclusivo da Circana, durante os meses de janeiro e fevereiro de 2025, o setor registrou um aumento de 2% em faturamento, enquanto as vendas de unidades permaneceram estáveis, refletindo um consumidor mais cauteloso em suas decisões de compra.
Segundo a Circana, os dados mostram que os consumidores estão priorizando gastos essenciais e produtos mais acessíveis.
Enquanto categorias como alimentos e bebidas cresceram 3% em faturamento, os itens discricionários - produtos ou serviços que os consumidores compram com base em sua renda disponível, ou seja, não são essenciais para o dia a dia, como roupas de marca, eletrônicos, cosméticos de luxo, móveis, viagens e entretenimento - sofreram quedas de até 3%.
"Isso indica que há maior seletividade no consumo, com um foco em necessidades básicas e menor disposição para compras por impulso", analisa Daniel Morimoto, Vice-Presidente LATAM da Circana.
Houve também mudanças no segmento de beleza, segundo o levantamento. A categoria de beleza de prestígio, que vinha crescendo fortemente nos últimos anos, teve uma leve retração de quase 1%, enquanto a beleza massiva registrou crescimento de 2%.
"Esse movimento reforça que os consumidores estão buscando alternativas mais acessíveis, sem abrir mão de certos hábitos de consumo, mas adaptando suas escolhas ao cenário econômico", complementa Daniel.
Outro ponto de destaque é a preocupação crescente dos consumidores com a economia. Uma pesquisa realizada pela Circana em fevereiro deste ano, aponta que 84% temem uma recessão nos próximos meses e 66% afirmam estar monitorando mais de perto seus gastos com itens do dia a dia.
Além disso, o impacto das políticas de tarifas adotadas pelo novo governo tem gerado insegurança, com 66% dos consumidores esperando aumentos nos preços e 35% prevendo impactos nos empregos e salários.
"As medidas do governo e a incerteza econômica estão influenciando diretamente o varejo. As empresas precisarão se adaptar rapidamente, oferecendo produtos e estratégias que atendam a um consumidor mais seletivo e atento ao orçamento", avalia Daniel.
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